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terça-feira, fevereiro 01, 2000

Gaijas

Mulheres. Vá-se lá entendê-las.
Lembro-me de ter 17 anos e sofrer a minha 'primeira grande tampa'. Foi a Bárbara, a maldita, a culpada. É um bocado parvo contar pormenores intímos da nossa vida pessoal na internet, mas... bolas, que se lixe. Até pode ser que algum psicólogo leia isto e decida-me ajudar. Ou melhor, uma psicóloga... jovem, firme, baixinha e concentradinha... hmmm...

Foco. Foco.

Ok, vamos lá. A Bárbara... a maldita... Eu não tive culpa, sabem? A Bárbara era gira. E mais velha. E baixinha e concentradinha (alguém está a reparar no padrão?)... deixem-me contar tudo, desde o início...
Eu tinha feito os primeiros anos da faculdade na Escola Secundária do Restelo, um antro de benzocas e futuras-tias, que só ligavam à roupa de marca, à cilindrada das motas, à noite passada no Bananas e ao 'Diogo, que era um pão e tinha 1 metro e oitenta'. Chiça... eu não tinha roupa de marca, andava de autocarro (e logo na Vimeca, a Viação Mecânica de Carnaxide - a mais putrefacta e anti-estilosa carreira de autocarros do mundo!), não saía à noite (caramba, tinha 14 anos!!), era magro, baixinho e tinha um cabelo estranho. Ou seja, a minha passagem pelo Restelo foi um autêntico ZERO em termos de namoradas.
(Bom, houve aquela conversa com a Joana... mas isso acho que foi um sonho... e fica para outra oportunidade)

E então, no 10º ano, eu e um grupo de amigos fomos para a Escola Secundária Ferreira Borges! Um novo mundo, novas miúdas, novo território... Parecíamos os colonos americanos, em busca da terra prometida! Qual Tom Cruise no 'Horizonte Longínquo', aquela era a nossa oportunidade! Haveria uma Nicole Kidman para cada um!
Ou não...

Ferreira Borges... no início, era a Patricia... baixinha, concentradinha (não sei se reparam no... pois...), a Patrícia era o oposto de tudo o que conhecíamos até aí. Falava de coisas normais com o pessoal, ria-se das nossas piadas (e não de nós), era simpática. Andávamos todos atrás dela. Mas só por algum tempo, depois vimos o que a casa gastava (... mas isso também fica para outra oportunidade).

Depois apareceu a Bárbara. A Babá era o sonho inatingível. Tinha namorado, um gigante de 2 metros, conhecido como "Pirilampo". O Pirilampo tinha mota, umas mãos - curiosamente - do tamanho do meu pescoço, um terrível mau feitio, era mais velho, fazia biscates como segurança em discotecas e... tinha a Bárbara.
Nos primeiros tempos, a Bárbara não me ligava nenhuma.
Mas depois, no 12º ano, sei lá porquê, começou a ir à explicação de Matemática comigo.
Ao início, encontrávamo-nos em casa da explicadora e depois íamos embora separados.
Depois, começámos a ir embora juntos.
Depois, já combinávamos em minha casa, íamos daí juntos para lá, quando voltávamos eu levava-a até casa e depois regressava.
A seguir, ela vinha para minha casa, ficávamos lá "a estudar", íamos para a explicação, voltávamos para minha casa, eu levava-a depois a casa, ela depois esperava que o meu autocarro de regresso chegasse e pronto!
E no final... o Pirilampo levava-a e ía buscá-la. Vá-se lá saber porquê, né? Lembro-me de uma vez chegar à explicação ao mesmo tempo que eles dois. Os olhos raiados de sangue, furibundos, que espreitavam do capacete dele, impunham bastante respeito...
Mas a Babá lá acabou com ele. Para começar comigo. E eu... não fiz nada!! Porquê? Hmmm... respostas múltiplas:
a) porque sou burro
b) porque sou mesmo muito burro
c) porque sou tímido
d) porque não sabia o que fazer com ela
E assim andámos um tempo... a querer namorar um com o outro, mas sem o fazer...

Até que um dia...

Nuno encheu-se de coragem. Daquele dia não passava! Hoje é que ía ser!
Armado de sua coragem, o futuro farrapo-humano dirigiu-se a casa da sua Rapunzel.
Lá chegado, bateu à campaínha.
E quando a voz dela soou, respondeu o seu nome... "Nuno!"
E ouviu do outro lado um silêncio estranho, perturbador. Até que ela disse, "é melhor eu descer".
Esperou, impaciente.
Ela chegou.
E disse: "Olá... sabes... é uma má altura..."
E ele: "Ah... porquê?"
"É que... ele está cá..."

Pof.

E caíu tudo por terra. Foi duro. Muito duro. Virei costas, sem uma palavra e pirei-me. A primeira árvore que vi sentiu a fúria do meu punho (o que foi uma coisa muito estúpida, da qual ainda guardo a marca nos nós dos dedos).

Que eu saiba, ela nunca mais o largou.

E assim começou a saga do farrapo humano.





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