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sexta-feira, março 15, 2002

Resposta ao artigo "Um Erro", de Vasco Pulido Valente


Vasco Pulido Valente é o Rei Mago do Miserabilismo-fúnebre. No artigo "Um Erro" - que transcrevo em baixo - o Vasco irrita-me. Irrita-me muito.
O Vasco não gosta de Portugal.
Se Vasco Pulido Valente acha que vive no "terceiro mundo" deve ser porque se considera um selvagem. Eu acho que vivo num país desenvolvido (e não em vias de desenvolvimento) com uma verdadeira democracia jovem (26 aninhos, a minha idade), que esbraceja para sair da cauda da Europa para onde foi lançado, primeiro por uma Monarquia ultrapassada no final do século XIX, depois por uma Republica ainda jovem, seguida de uma Ditadura que escondeu o país na arca frigorí­fica e lhe negou o que realmente interessa: a liberdade, que promove o desenvolvimento intelectual e consequentemente o espírito de iniciativa. Quando o pobre país saiu da arca, continuava a ser uma Republica jovem, mas atrasada 50 anos face aos seus companheiros de escola... Revoltado, meteu-se em caminhos pouco aconselháveis (mas afinal de contas, isso é normal nos adolescentes).
Agora, já homenzinho, Portugal tenta trabalhar para ter uma casa melhor, para melhorar a sua qualidade de vida e para ser bem visto perto dos seus pares... Mas para tal tem de lutar contra veteranos de 50 anos, com uma experiência muito superior à sua e com fortunas acumuladas ao longo dos 50 anos (e não as parcas economias que os seus pais lhe deixaram, escondidas debaixo do colchão).

Será que acredito no jovem país adulto?
Claro que sim!
Porque é saudável e tem estaleca.
Porque, quando espicaçado, surpreende tudo e todos com a sua capacidade de execução e desenrascanço.
Porque pode não saber regras de etiqueta, mas como é bonacheirão e simpático, todos gostam dele quando o conhecem.


Sou um nacionalista confesso.
Sou um defensor da iniciativa privada.
Sou um adepto do estado de segurança social.
Sou um defensor dos direitos dos mais oprimidos.


Há tempos perguntava-se: "Portugal, que futuro?"
Respondo: Um futuro risonho. Com o trabalho e a esperança de todos.


Abaixo o bota-abaixo!!



"Um Erro

Gente indignada escreve nos jornais que esta campanha parece uma campanha do "terceiro mundo" - que Portugal parece um país do "terceiro mundo". Há, aqui, um pequeno erro.

Portugal é, foi e será (pelo menos, no futuro próximo) um país do "terceiro mundo".
Desde a independência do Brasil que se tornou internacionalmente irrelevante.

Só conseguiu instalar um regime liberal, estável e pací­fico, ao fim de trinta anos de balbúrdia e já a meio do século XIX.
Não teve uma revolução industrial e preservou, por isso, uma cultura camponesa, ainda hoje visível no tí­pico empresário indígena, ou, por exemplo, em hábitos quase universais, como o de ignorar o moderno mecanismo chamado "relógio".

Como se isto não bastasse, no começo do século XX, Portugal proclamou também uma república e aturou quinze anos de terror jacobino. Donde saiu, presumivelmente consolado, para uma ditadura de quarenta e oito anos que odiava a mudança e acabou por se meter numa guerra imperial, interminável e, obviamente, inútil, quando o imperialismo clássico já não existia.

Para compensar este mau passo, veio logo outra "revolução", que se julgava marxista-leninista e se aplicou com método a desorganizar o Estado, a economia e a sociedade: um belo trabalhinho, que levou uma geração a desfazer.

Quanto à legitimidade do poder, a primeira eleição honesta foi em 1975 e Portugal viveu sob tutela militar até 1982. Os cavalheiros da política e do futebol - e as suas presentes zaragatas - não destoam desta edificante história.
Claro que nenhum deles nasceu nas selvas da Guiné, ou da Colômbia, e alguns deles chegaram mesmo a ir à escola. Mas não nos devemos distrair com esses pormenores: por baixo, está sempre o aldeão do "quarto" ou "quinto mundo", a tratar da vidinha: do seu clube, ou dos seus votos.

(Vasco Pulido Valente - in Diário de Notícias"

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